10 julho 2010

P.a.l.a.v.r.a.s.

Acordo de um cansaço e silêncio
deparo-me com palavras
quando percebo, o apartamento está cheio delas -
elas também bocejam e sentem frio...
espraiam-se.

Quase pedem,
se mais falassem, 
que eu as acolha e as aninhe em meu peito.

- Ora, sois dos ventos, do espaço aberto...
do imensurável intervalo entre boca e ouvido -
ou corpo, o corpo, o meu e o deles!

Faço carinho, cafuné, vejo-as sorrir.

- Vou preparar o café...
Ajudem-me a pensar 
cantar, gozar, meditar
agradecer e trabalhar na Segunda-feira.

Sento e aprecio a fumaça.
Sorrio e me deleito vendo-as
(di)vagar pelo apartamento:
surgem frases por todo canto,
nas paredes, porta-retratos,
poeirinha escondida atrás do sofá.

As palavras brincam
e as deixo me invadir
somente pela certeza
que elas ganharão o universo
com ou sem ouvintes,
deixando minha mente em êxtase.



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