23 maio 2011

potestades

Oh, meu pai
sabes as dores dos amores que passo
conheces como ninguém
o girar do meu compasso
e a volta que dou
para, em mim,
não perder seu traço!

Há amores no vendaval?
Há poesia no temporal?
Há amor no eclipse total?

Oh, minha mãe
sabes de cada tentação
e cada tentativa de cozer
o lençol para cobrir aleijão
esconder de todos
respirar por muitos
na mais completa esquiva do franchão.

Há canção nas tempestades?
Há versos frente a potestades?
Há carinho quando falta vontade?

22 maio 2011

2000


θ.έ.α.τ.ρ.ο.

Se eu tiver que tirar os brincos
Ficar atento aos maneirismos e opiniões
Defender a minha barba falhada
Sentir-me-ei à beira do abismo
No meu lado mais estranho
Se eu tiver que retirar as contas
Pensar muito em qual roupa usar
Fingir que não sinto dor
Sentir-me-ei desonesto com todos
Alimentando meu traço perverso
Se eu tiver que esconder as tatuagens
Ou não conseguir mostrar as reais cicatrizes
Se eu precisar fingir que não existem outros
Sentir-me-ei vil e covarde
Como o elo forte que desiste da luta.
Até ensaiei uma baixa na guarda
Fui leviano com minhas metas...
Mas meus Encantados não me abandonam
Senti o caminho a seguir
Observando o sentido das setas
Se eu tiver que fazer da vida um palco
Que no camarim nada esteja guardado
Que não haja figurinista, maquiador ou assistente de direção
Sentir-me-ei livre pra criar
Como as águas que não encontram obstáculos
Quando querem chegar ao mar...


17 maio 2011

f.i.r.s.t. s.i.g.h.t.

‎"Depois de um tempo percebi que
 "amor à primeira vista" tem um quê de "olho no olho", 
um pouco (muito) de ousadia,
desprendimento e
 coragem para vivê-lo." Sophios Sand

16 maio 2011

c.i.c.l.o.p.e.

é de onde saem as lágrimas, 

(e entram sabores)


mas é por onde te apreendo,

(muitas vezes repreendo e aprendo) 


é onde não minto, 


(impossível - tem brilho próprio)


e poderás, querendo, ler-me por inteiro.


(sem pular qualquer parágrafo)

11 maio 2011

f.l.o.r.e.s.

Fina flor
Afina flores
Fina flor
Um fio de flores
Fina flor
Assim são flores
Fina flor
Finas e minhas flores
Roubadas, colhidas,
Regadas, cultivadas
Fina flor
A fina-flor
Fina Flor
Um sim de flores
Fina flor
No começo das flores
Fina flor
Finda flores!
Fina flor
Fina
Fim.

10 maio 2011

i.n.c.o.m.p.l.e.t.o.

Que tal deixarmos "songes et mensonges" para um outro momento? 

Que tal eu deixar?


É possível ser pragmático no campo afetivo-emocional? 

Eu preciso de pragmatismo? 


Quanto tempo viveríamos sem "songes et mensonges"?

Quanto tempo eu tenho para isso?


Chorar na cama é bom porquê "é lugar quente" ou porquê se está sozinho/escondido?

Os dois?


Quanto tempo dura uma nova adaptação a si - uma ressignificação?


Quanto eu quero isto?


Qual a nossa real capacidade de resiliência?

O quanto me machuquei? 

03 maio 2011

t.r.i.s.t.e.z.a.

Tristeza é um oco!
Um furo sem semblante, sem capa
Um lamento jussivo...
É o sentimento que os poetas espantam
                                                          [ao tempo que se alimentam]

É quando falta Chico e Ben Jor
Quando Alcione se cala e Ro Ro desce do palco
Quando não encontro Gil e Caetano enlouquece...
Ou quando um avião parte, sem saber se volta.


É...
"Daniel is travelling tonight on a plane"
Levando consigo amarguras e meus trinta anos
A tristeza é o oco...  A falta d'água
Com a falta de sede - desejo em negativo.
  
"Corre, corre lágrima!
Alcança o aeroporto..."
Isto é tristeza - vazio sem culpa ou ou necessidade de perdão
Ela é um deusa de aço e espinhos - com braços ternos
Que algumas vezes esvaece, outras fortalece.

A tristeza é o oco, o vazio dilacerante
Que a mim pertence e só eu vejo
Por mais que eu grite...


01 maio 2011

p.é.t.a.l.a.s.

Tomara que só vingue o amor 
que só se aponte as rosas 
que minha armadura seja seu olhar 
e meu cheiro teu cobertor...

Mais do Mesmo Alívio!!!