02 junho 2011

sem poesia

- É mesmo...
(estou mais calado
prestando atenção ao umbigo
sem querer mexer os lábios, os braços, os cabelos...
pensamentos e reflexões consomem muito e
é pouco o que ainda tenho de energia).
Ando meio sem poesia,
na verdade, ando me estranhando,
ando não me vendo de tanta analgesia
de tanto antinflamatório, raio-x, ultrassonografia
(raio disparatado de dor!)
- comprimido de tudo quanto é cor;
 de tanto tropeçar, não tiro mais a guia.
Eu estou mesmo é sem o que dizer
perdi brilho, perdi luz, perdi ardor
baixei hospital, baixei emergência
(baixei em tudo quanto foi doutor)
tentando entender o porquê desse horror,
encontrei-me tão silencioso quanto uma pedra pode parecer...

É uma briga muda de artigo, sujeito e letra,
uma encenação sem o verbo (e sem ação)!



- Este é o buraco que cavaras!
ouço ao longe e dou de ombros.

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