17 março 2013

luvas

Me mande um par de luvas
- De aço cortiça couro ar,
Para acertar minha coluna
Tomar banho de tardezinha
Plantar minha goiabeira antiga
Ajeitar a barba no anoitecer...
E, ao ingerir o analgésico de esperanças caducas,
Embalar a fábrica de desejos...
Me mande as minhas luvas
- De ontem amanhã do meio de quando, 
Para comer diferente novo
Escrever novamente outro
Sem tanta rima de gramática protética.
Para doar notas
E reatar sonho-de-nós-sonhos.
Escute, deixe que eu me visto...
Calço estas luvas
Que permitem sentir mãos
Quando o peito só tem garras...
Com luvas eu não vejo.

06 março 2013

Suspiro

Há algo dentro de mim,
Que nasce num lugar qualquer
E vive noutro que desconheço,
Que sobrevive sem começo,
Sem apetrechos
(Dentro, dentro de mim),
Sem carecer de outros corpos.
Mas urge por almas
Daquelas bem apaixonadas
Como o vestido formoso quando usado
Ou o canhão de circo na sua vez do aplauso.
Há algo dentro de mim...

Mais do Mesmo Alívio!!!