28 julho 2015

Sala de Espera II

É na sala de espera que tudo recomeça 
Que fantasias e recalques se atiçam 
Que a psique da um mortal duplo e 
Deixa-me com a pele fina - os pelos eriçam 

Pensamentos, "regra dourada", música de fundo
Qual seria o apontado, quem assumirá a culpa?
É hora de ver-se torpe, vil, divino e sábio 
Correndo menos sangue, faltando muito ar 

Por que não desligam a música ambiente?

É nesta sala que espero e me preparo
Enquanto cruzo olhares esfíngicos famintos
Preparo-me para me ver nu 
Para ser devorado nessas areias de ampulheta. 

Preparo para o impossível da razoabilidade 
Preparo que não se sustenta 
Preparado para me despreparar 
Pois não deve haver superfície que abrace suas profundezas. 

Como me irrita este rádio roubando meu silêncio... 

É na sala de espera que tudo recomeça
Que todos os eus se manifestam 
Falta corpo para tantos caciques 
Falta vida para tantos desejos irresistíveis 

Meu filho, minha fé, minha saúde, um amor 
Tudo me marca com ferro
Poesia, trabalho, minha casa, a próxima trepada 
Tudo me marca com fogo 

Desconfio do porquê de não desligarem o som
E já não há mais olhares para mergulhar. 

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